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sábado, novembro 04, 2006

O Surgimento do Projeto

No inicio deste ano de 2006 comecei a trabalhar na escola E.M.E.F Profº Jonathas Pontes Athias ministrando as disciplinas de Língua Portuguesa no 7º ano, turmas C e D. Estas turmas tem em média 35 alunos cada uma, com idade entre 11 e 15 anos.

No primeiro dia de aula, ao me apresentar, conversei com os alunos sobre a disciplina, conteúdo programático, avaliação e ao final dei a eles um texto http://diariodeumaprofessora.blogspot.com falando um pouco sobre a minha vida, os meus sonhos, as minhas preferências, as minhas expectativas em relação às turmas e pedi aos alunos que fizessem o mesmo e que me entregassem na próxima aula. Eu sempre faço isso para conhecer os alunos e para saber como vai à leitura e a escrita. Assim eu tenho uma visão sobre o meio em que eles vivem o tipo de material leitor que eles têm contato e sobre as preferências de músicas, filmes e programas de televisão que eles gostam.



Na segunda aula percebi que eles não eram de cumprir tarefas, pois a maioria não fez o texto que eu havia pedido o que, aliás, se repetiu com as atividades seguintes. Além desse problema, eles também apresentavam dificuldade de concentração, muitos chegavam atrasados, saiam a todo o instante da sala, não se integravam aos grupos, não eram solidários e muitas das vezes usavam de agressividade física e verbal. Havia também muitos casos de alunos que não freqüentavam as aulas. Estes casos eram mais freqüentes na turma C.

Depois de quase um mês de cobrança consegui que mais da metade dos alunos das turmas me entregasse à biografia deles. Com esse texto descobrir que há muitos problemas em relação à leitura, interpretação e produção textual, inclusive, muitos confessaram que não gostavam de ler e menos ainda de escrever. Quanto às preferências de entretenimento, estão voltadas para programas de televisão que falam sobre namoro, sexo, consumo e conflitos familiares. As músicas também giram em torno desses temas, já o cinema eles preferem filmes do gênero terror, suspense, ação e fantásticos.

Como esse tipo de filmes não é da minha preferência eu não dei importância e comece a trabalha com poemas que falavam sobre os temas citados, mas foi um fracasso. Eles não gostaram, principalmente, os meninos. Diante disso, migrei para o gênero fábula para ver se através dos ensinamentos delas eles refletissem um pouco sobre seus comportamentos. A experiência foi um pouquinho melhor que os poemas, entretanto ainda não era o que eu queria, então eu migrei mais uma vez de gênero, dessa vez para crônicas humoristas, mas uma tentativa frustrante porque o humor dos textos deles está muito ligado aos programas humorísticos de tevê que, geralmente, são preconceituosos com determinados grupos sociais.

Diante disso, decidi mais uma vez mudar de gênero e enquanto pensava com qual iria trabalhar ouvi um aluno lembra os outros que ia passar na tevê um filme de terror à noite. Como eu sabia que todos iriam assisti-lo, resolvi fazer o mesmo e enquanto assistia imaginava como trabalhá-lo. Planejei uma aula com esse filme e não deu outra, todo mundo participou, foi a melhor aula do bimestre.

Depois dessa aula solicitei que fizessem um texto falando sobre os filmes que mais eles gostavam e explicasse o porquê. Pedi ainda que sugerissem alguns para nós assistimos. De posse dos textos fui às locadoras pesquisar os filmes sugeridos, descobri que o gênero fantástico, mistério, suspense e terror eram os que mais os atraiam. Ao assisti-los constatei que a grande maioria apresentava violência das mais variadas formas e que esta influenciava muito no comportamento deles.

A partir das leituras que eu fiz do material e dos problemas que os alunos apresentavam, passei a trabalhar com filmes indicados por eles e com texto diversificados que a princípio eu escolhia, mas depois eles passaram também a trazer os textos de casa, muitos, inclusive, eram narrativas orais contadas pelos familiares. Estes textos eram lidos ou simplesmente contados as histórias por mim ou por eles, depois nós discutirmos os temas e analisamos o comportamento de algumas das personagens. Durante essas atividades, os alunos passaram a se concentrar, ler, escrever, se posicionar diante de alguns problemas e até a ter mais contanto com a família, visto que era ela que mais contribuía quando se tratava de narrativas orais. Por causa desse progresso passamos a investir mais nesse tipo de texto e assim surgiu o Projeto Contos de Encanto Mistério e Terror.

Profª Janaina T. Ayres

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